19/09/2017

Certo e errado

Houve uma época em que eu pensava poder fazer tudo certo. O resultado mais claro é que eu reprimi o que eu achava errado em mim, porque não queria assumir que havia algo errado - e que sempre haverá, por mais que nos esforcemos em ser certos. Acontece que a repressão costuma se comportar como uma mola: quanto mais você oprime, mais violentamente ela tenta voltar ao seu estado original. O que eu sentia de moralmente condenável ganhou cores, complexidades, fez um labirinto dentro de mim que resultou em reações vis, respostas azedas e distribuição de julgamentos cruéis por uma pessoa que - vejam que coisa - só estava tentando fazer tudo certo.
Demorou, mas eu consegui me libertar de boa parte dos meus padrões de normalidade, frequentemente auto impostos. Cada vez que eu consegui assumir minhas partes “erradas” eu consegui lidar melhor com elas, entendê-las, trabalhá-las e, finalmente, não deixar que elas me deixassem agir de forma tão prejudicial quanto deixaram no passado.
Hoje muita gente me condena por dizer o que eu penso. Na verdade, me condenam por pensar o que eu quero e não ter vergonha disso. Me condenam por não seguir a sua moral, a sua religião, a sua posição política e outras normas que eu me forçava a seguir antes, com sérias consequências ao meu bem estar mental e, consequentemente, ao dos que me rodeavam.
Eu sei que se eu continuasse nessa política de boa menina que concorda com tudo o que pensam, eu infernizaria a vida de todos com amargura mal trabalhada. Ainda assim, muitos preferem direcionar sua amargura em julgamentos a quem eu sou hoje do que lidar com seus próprios demônios e parar de impor falsas normalidades.


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