Houve uma época em que eu pensava poder fazer
tudo certo. O resultado mais claro é que eu reprimi o que eu achava errado em
mim, porque não queria assumir que havia algo errado - e que sempre haverá, por
mais que nos esforcemos em ser certos. Acontece que a repressão costuma se
comportar como uma mola: quanto mais você oprime, mais violentamente ela tenta
voltar ao seu estado original. O que eu sentia de moralmente condenável ganhou
cores, complexidades, fez um labirinto dentro de mim que resultou em reações vis,
respostas azedas e distribuição de julgamentos cruéis por uma pessoa que -
vejam que coisa - só estava tentando fazer tudo certo.
Demorou, mas eu consegui me libertar de boa
parte dos meus padrões de normalidade, frequentemente auto impostos. Cada vez
que eu consegui assumir minhas partes “erradas” eu consegui lidar melhor com
elas, entendê-las, trabalhá-las e, finalmente, não deixar que elas me deixassem
agir de forma tão prejudicial quanto deixaram no passado.
Hoje muita gente me condena por dizer o que eu
penso. Na verdade, me condenam por pensar o que eu quero e não ter vergonha
disso. Me condenam por não seguir a sua moral, a sua religião, a sua posição
política e outras normas que eu me forçava a seguir antes, com sérias
consequências ao meu bem estar mental e, consequentemente, ao dos que me
rodeavam.
Eu sei que se eu continuasse nessa política de
boa menina que concorda com tudo o que pensam, eu infernizaria a vida de todos
com amargura mal trabalhada. Ainda assim, muitos preferem direcionar sua
amargura em julgamentos a quem eu sou hoje do que lidar com seus próprios
demônios e parar de impor falsas normalidades.
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