15/03/2016

Mudar de opinião exige coragem



Brigar com quem discorda do seu grupo é fácil, porque você sempre buscará apoio nele depois. Difícil é abandonar uma verdade que o seu grupo cultua e não ser massacrado emocionalmente por isso. Relações são desfeitas, expectativas são frustradas e não são poucas as pessoas que passam a desejar o mal a quem mudou.
É como se acreditassem que a sorte reafirmasse as suas crenças: Se eu estou certo (e eu sempre estou), minha vida será cheia de vitórias e confirmações de como eu sou virtuoso. Se em algum momento eu perdi, foi porque o mundo não soube reconhecer o meu valor. Mas se existe justiça nele, isso vai mudar. Porque a medida da justiça é o que eu sou. Como eu estou certo (e eu sempre estou) aquele que deixou de acreditar no mesmo que eu vai sofrer alguma coisa.
As pessoas esperam privilégio do universo. Esperam que a vida confirme o que elas pensam, inclusive (especialmente) castigando quem deixou de pensar igual. Algumas, sem confiança suficiente no destino para criar esse cenário hollywoodiano, provocam a má sorte nos outros. Ou seja: mesmo que a sua expectativa de que o universo esteja a seu favor seja desmentida pelos fatos, elas se contentam em punir quem desafiou a sua crença e encenar a peça de que, no fundo, estavam certas.
Assumir uma posição diferente exige começar de novo, criar novos laços e conhecer pessoas mais abertas à mudança. Afinal, criar laços com pessoas que têm a sua nova posição, mas que não respeitam a mudança é matar a própria liberdade de pensar.
Tenho a impressão de que ao longo do tempo essa gente estranha que respeita o outro, que sabe que o pensamento muda e que é curioso pra saber onde ele pode ir acaba se encontrando. Forma uma outra turma de gente com diferentes posições políticas, diferentes religiões, diferentes escolhas, mas uma coisa em comum: o respeito pela liberdade que o outro tem de ser, de pensar, de mudar, de escolher a posição que pareça a melhor, mesmo que amanhã seja outra.