Em um concurso que prestei
recentemente, ao chegar muito cedo para a prova, fui tomar um café em uma
doceria próxima. Estava lotada – provavelmente de candidatos, então pedi
licença para me sentar em uma mesa já ocupada. As moças, que cederam, eram tão
simpáticas que ficamos batendo papo por bastante tempo, até a hora da prova. A
tensão diminuiu e fomos para o colégio mais leves.
Não sei se tive uma colocação
alta, mas fiquei torcendo para que elas tivessem. Experiências como essa
mostram a que viemos – não é apenas ganhar, não é apenas concorrer. Se não
formos capazes de ter o mínimo de empatia por outras pessoas, o dinheiro ganho
serve pra quê?
Ao longo da minha trajetória vi
tanta gente que subiu de cargo prejudicando outros que cheguei a me sentir
ingênua por prezar pelas pessoas. Mas nunca, nem depois de anos desempregada,
tenho vontade de ser como aquelas pessoas. Teria mais dinheiro, à custa de boas
amizades. Teria mais estabilidade, à custa de experiências de vida que tenho
certeza que vão acalmar minha mente quando, na velhice, pensar sobre o que eu
fiz da vida.
A quem me pergunta, digo que fui
bem no concurso. Fui bem porque dei o meu melhor e porque estive bem naquele
dia. Fui capaz de ver nas relações com minhas “concorrentes” o sentido de
conseguir qualquer emprego ou levar a cabo cada empreitada que me der meu
sustento: humanidade.
Ganhar dinheiro a despeito das
relações humanas não é vida, é sobrevivência. Eu quero viver.