As minhocas da minha cabeça às vezes precisam falar e eu escolhi esse lugar. Caso queira comentar, puxe uma cadeira e sinta-se à vontade. Minhas minhocas não são antissociais.
28/12/2016
Você achar que existem assuntos mais importantes não te dá o direito de calar as pessoas que querem debater outras coisas. O mundo está cheio de gente com tempo o bastante para fazer um monte de bobagens. Analise se vale a pena menosprezar alguém que tenta melhorá-lo, mesmo que não seja no que você acha mais crucial.
27/12/2016
14/12/2016
De meses em meses ligo a cbn na internet. Não houve uma ocasião em que eu não ouvisse jornalistas claramente enviesados, dando palpite, enfatizando a corrupção de um partido e não mencionando a de outros, dando tom emotivo a notícias que deveriam ser analisadas. Parcialidade existe em todo jornal, mas a da CBN é descarada e rasa. Nem a fazer uma análise dos fatos se dispõem. É recorte atrás de recorte com um monte de subjetividade jogada em cima. Vergonha alheia é pouco. Hoje ela entrou na lista das fontes de "informação" que eu não consulto mais. Não vale a pena.
13/12/2016
08/12/2016
Às vezes compensa pegar aquele tempo que seria usado pra reclamar e ficar em silêncio, sem fazer nada. Pode ser na cama, no chuveiro, no sofá, não importa. Não concentrar-se em nenhuma atividade, apenas pensar no problema, pensar no que reclamaríamos, pensar em como solucionar. Concentrar o pensamento nisso, sem expressar, sem misturar com outras atividades conscientes, pode ter um efeito quase mágico.
22/11/2016
Escolhas
Já me incomodei muito achando que era responsável por mudar um mundo que muitas vezes nem quer ser mudado, ou que eu tenho que assumir a luta contra forças infinitamente maiores que eu por pessoas que jamais fariam isso.
Me chamem de alienada, mas ultimamente me importa muito mais ser feliz.
Me chamem de alienada, mas ultimamente me importa muito mais ser feliz.
30/10/2016
A lógica do mundo
Não é justiça, é
saber lidar com o sistema.
Não é debate, é
quem fala mais alto e domina os jargões.
Não são boas
previsões, é torcida pra que tudo mude.
Não é sucesso, é
sorte.
Não é
competência, é relacionamento.
E ainda querem
que eu tenha filhos.
Aceito e tento
viver bem a vida que tenho, mas não encorajo outras.
27/09/2016
Não entendo que orgulho têm as pessoas em reclamar às pessoas erradas, em denunciar ao público em geral, em dar ideias e não executá-las.
Talvez seja uma loteria. Se alguém fizer, poder bradar que reclamou primeiro; se alguém tomar providências, sentir-se parte de quem “denunciou”; se alguém mudar o mundo, ter a ilusão de que contribuiu. E é claro que, se ninguém fizer nada disso, a culpa é sempre dos outros.
Compartilhe essa mensagem. Talvez você, assim como eu, queira achar que está mudando alguma coisa ao reclamar em qualquer lugar na internet.
07/08/2016
Caixinhas
Fazer ciência não é compilar pesquisas que comprovam sua hipótese e descartar as que refutam.
E por mais que existam muitas áreas da vida em que não se aplica o método científico, não consigo respeitar quem passa a vida toda buscando a comprovação do que já pensa, a defesa do que nunca questionou, a idolatria do que nunca pôs à prova.
E por mais que existam muitas áreas da vida em que não se aplica o método científico, não consigo respeitar quem passa a vida toda buscando a comprovação do que já pensa, a defesa do que nunca questionou, a idolatria do que nunca pôs à prova.
01/08/2016
Com quem vale a pena discutir?
a. com quem pensa igual a você e só vai confirmar o que você acha
b. com quem tem um repertório rico, mas tem coragem de discordar de você
c. com quem concorda com você e quer fazer algo a respeito
d. com quem discorda de você, não vai mudar e tem raiva que você não pense igual a ele/a
e. com quem poderia aprender com você, mas gosta tanto do que acha que exigiria praticamente um curso particular
f. com quem pode te ensinar algo
Não precisa responder, mas pense em cada cenário.
28/07/2016
Mensagens em garrafas
A internet permite dizer
tanta coisa para o nada que me pergunto se não estaremos perdendo a capacidade
de dizer algo para alguém. Quando jogo o que eu penso no universo a esmo,
imaginando que talvez um dia alguém possa ler, estou abrindo mão da responsabilidade
de transmitir qualquer coisa, sob o pretexto de que ninguém chegou ao que eu
queria dizer.
Quem vai ler esse texto?
Quem precisa dele ou quem estava aqui por acaso? Será isso o que procuramos?
Nos expressar, não importando quem queira saber o que sai de nossos
pensamentos?
E quando eu quero? E
quando eu tenho um alvo, alguém para quem eu gostaria de dizer algo, que eu
gostaria que pensasse a respeito, por cuja resposta eu anseio? Terei eu coragem
de dizer diretamente, ou vou tentar usar as probabilidades da rede para tentar
chegar a essa pessoa? E se não chega? Perco a mensagem no silêncio?
Pior: posso ainda
interpretar o silêncio como uma resposta, quando poderia muito bem pedir uma de
verdade, não imaginada, não covarde, madura. Em vez de indiretas, diálogos; em
vez de proclamações de valores, debates. Mas tenho dúvidas sobre a nossa
abertura a levar em frente trocas com outras pessoas, porque trocar implica se
abrir ao que o outro tem a dizer, não apenas esperar que ele se abra para o que
nós temos.
27/07/2016
Indiscutível
Estou lendo as reflexões aparentemente filosóficas de uma universitária prepotente.
Queria discutir com ela, mas não consigo.
Ela escreveu, guardou, se formou, passou por mais um bocado de coisas nos últimos dez anos e agora, por alguma estranha razão, decidiu ler o que escrevia na faculdade.
Só pode ser doida.
24/07/2016
Quão aberto você é?
Você se permite mudar de ideia?
Se recebesse uma revelação de outra entidade religiosa diferente daquela que adorou a vida toda, mudaria de credo?
Se demonstrassem de forma bem fundamentada que o partido de oposição ao seu é melhor, mudaria o voto?
Como você reage ao que contraria o que você pensa?
Reflete ou reage?
Tenta entender ou vai direto aos argumentos de resposta, que lhe permitam manter-se confortavelmente igual?
Qual é a sua capacidade de mudança?
13/06/2016
Bola de neve
Cada vez que somos coniventes com pequenos desvios, com pequenas corrupções, com pequenas injustiças, engrossamos o caldo do que depois vai afetar milhões de vidas.
Cada vez que contribuímos com cada uma dessas tortuosidades, ficamos um pouco mais ridículos ao criticar os grandes desvios, os grandes corruptos e as grandes injustiças.
07/06/2016
Forças invisíveis
Às vezes parece que as almas alheias são fortes.
Tão fortes que aguentam qualquer atitude nossa.
Tão fortes que é preciso muito pra afetá-las.
Aí um dia nos damos conta de que pensam isso da gente, e que tentam nos afetar como se resistíssemos a tudo.
Então nos damos conta de que somos todos almas frágeis tentando nos defender em silêncio e atacar como se nada houvesse do outro lado.
15/05/2016
O relacionamento com a teoria e o exercício de pensar
E se, diante de um estímulo intelectual, não
recorrêssemos imediatamente ao que nos foi ensinado? E se, ao invés disso,
refletíssemos sobre um universo maior de possibilidades que esse estímulo
oferece?
Por exemplo: formei-me em Ciências Sociais.
Em uma das aulas, aprendi como Durkheim define solidariedade mecânica e
orgânica e a tendência de passagem de uma a outra. Assim, é fácil para mim,
diante de sinais da divisão e especialização do trabalho, voltar a essa teoria
e sentir-me satisfeita com a explicação aprendida.
Mas e se, ao invés disso, de recorrer
imediatamente à conclusão de outro, eu me permitir um pensamento um pouco mais
livre, uma análise mais solta e, por isso, com potencial de se aproveitar de
elementos do meu conhecimento (não só dos de Durkheim) para gerar um novo
conhecimento?
Devo eu desprezar todas as minhas
experiências e aprendizados em nome do reconhecimento que outra pessoa teve em
desenhar teorias sobre o que me intriga? Devo anular de antemão qualquer
tentativa de interpretar diferente, porque alguém com estatura intelectual
muito superior à minha já escolheu a resposta? Afinal, o conhecimento não é
construído justamente por quem se permite ir além? Ou estamos em uma linha evolutiva
estreita, em que não posso sair um pouquinho fora do caminho estabelecido para
pensar? Um pensamento perde validade por não ter bebido antes (e talvez se
viciado) da água dos antigos?
E seu eu não quiser fazer alusão nenhuma, nem
favorável nem contrária, à teoria das solidariedades de Durkheim? E se eu
quiser usar a minha imaginação e capacidade de análise crítica para enxergar o
máximo possível de aspectos relacionados à especialização do trabalho, para, aí
sim, remeter à teoria já construída e me permitir relações mais complexas?
Não digo com isso, de maneira alguma, para
rejeitar o conhecimento construído. Penso, aliás, que ele deve ser consultado
para comparação com nosso próprio raciocínio; no entanto, temo que muitos
estudiosos anulem a própria capacidade de análise crítica em nome das teorias
já construídas. Temo que seja um vício olhar a realidade com olhos alheios e
passar a vida a brincar de encaixar peças – fatos em teorias, sem se permitir
olhar uma peça e imaginar o seu melhor receptáculo. Se for preciso procurar o
que já existe ou inventar algo novo, que seja com a consciência de uma análise
própria, ao menos um exercício mental autônomo realizado.
Com isso em vista, extrapolo o raciocínio
para uma esfera ainda mais difícil de exercitar a liberdade: a crença. Fiquei
tentada a escrever “a religião”, todavia esta é apenas um sistema de
transmissão e manutenção de algumas crenças, ele mesmo questionado e
confrontado, de dentro e de fora. Já a crença em si, mais subjetiva, mais
íntima, uma conclusão acomodada no indivíduo acerca de algum aspecto da vida ou
da morte, essa é mais resistente à liberdade de análise. Seja fruto de
convencimento, criação ou lavagem cerebral, a crença mexe com emoções que
muitas vezes brigam com a liberdade da razão de se desenvolver no pensamento.
E se eu enfrentá-las e me permitir pensar? E
se, no meu íntimo, em que não há líder espiritual, ente querido ou polícia
científica a me coibir, eu abrir os olhos para contradições, fatos, hipóteses e
possibilidades? Há um grande risco de amadurecer. Há um grande risco de que
esse amadurecimento mude meu comportamento ao ponto de não ser mais suportável
aceitar polícias morais a me pedir pra pensar diferente. Há o risco de pensar.
15/03/2016
Mudar de opinião exige coragem
Brigar com quem discorda do seu grupo é fácil, porque
você sempre buscará apoio nele depois. Difícil é abandonar uma verdade que o
seu grupo cultua e não ser massacrado emocionalmente por isso. Relações são
desfeitas, expectativas são frustradas e não são poucas as pessoas que passam a
desejar o mal a quem mudou.
É como se acreditassem que a sorte reafirmasse as suas
crenças: Se eu estou certo (e eu sempre estou), minha vida será cheia de
vitórias e confirmações de como eu sou virtuoso. Se em algum momento eu perdi,
foi porque o mundo não soube reconhecer o meu valor. Mas se existe justiça
nele, isso vai mudar. Porque a medida da justiça é o que eu sou. Como eu estou
certo (e eu sempre estou) aquele que deixou de acreditar no mesmo que eu vai
sofrer alguma coisa.
As pessoas esperam privilégio do universo. Esperam que
a vida confirme o que elas pensam, inclusive (especialmente) castigando quem
deixou de pensar igual. Algumas, sem confiança suficiente no destino para criar
esse cenário hollywoodiano, provocam a má sorte nos outros. Ou seja: mesmo que
a sua expectativa de que o universo esteja a seu favor seja desmentida pelos
fatos, elas se contentam em punir quem desafiou a sua crença e encenar a peça
de que, no fundo, estavam certas.
Assumir uma posição diferente exige começar de novo,
criar novos laços e conhecer pessoas mais abertas à mudança. Afinal, criar
laços com pessoas que têm a sua nova posição, mas que não respeitam a mudança é
matar a própria liberdade de pensar.
Tenho a impressão de que ao longo do tempo essa gente
estranha que respeita o outro, que sabe que o pensamento muda e que é curioso
pra saber onde ele pode ir acaba se encontrando. Forma uma outra turma de gente
com diferentes posições políticas, diferentes religiões, diferentes escolhas,
mas uma coisa em comum: o respeito pela liberdade que o outro tem de ser, de
pensar, de mudar, de escolher a posição que pareça a melhor, mesmo que amanhã
seja outra.
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