09/02/2018

desemprego

Você se investe, se veste, se arruma, se apruma
Não tem resposta, não tem aposta, não tem chance nem alcance
No reino em que julgar o livro pela capa é a norma, o conteúdo definha
à espera de que de alguma forma, possa mostrar que valor tinha

Você tem tudo o que pedem, mas não tem “o perfil”
critérios de escolha que favorecem o ardil
Quem aponta o dedo se sente superior a quem nem conhece
Hábito enraizado, julga, rejeita e esquece

Procurar emprego é trabalhar diariamente sem recompensa
Quanto mais se tenta, mais é necessário ter resiliência
Ainda assim, o tempo “fora do mercado” é visto com desconfiança
Preferem contratar quem nunca teve que lidar com a desesperança

Quem sempre recebeu seu salário, muitas vezes procrastinando
é priorizado a quem passa meses ou anos lutando
depois as empresas investem milhões em palestras de motivação
enquanto recusam quem se automotiva todo dia diante do “não”

Manter as coisas como são é uma maneira muito eficaz
De nunca resolver os problemas de sempre
Não vêm que só inova quem é capaz

de dar chance ao diferente 

03/02/2018

Cordialidade lupina

A cada novo dia procurando emprego me convenço de que o povo brasileiro se acha muito mais solidário do que é.
O desemprego é explorado por inúmeras empresas e pessoas.
Exige-se de desempregados que 
paguem para ver vagas, 
paguem para se candidatar, 
paguem para ter alguma chance de entrar no mercado. 
E ainda brada-se que o Estado tem que ser mínimo, diz-se com imensa pose de sabedoria que o governo deve ficar ausente do seu papel de proteção social, 
como se já não fosse.