29/07/2012

Fé na educação


Tarde de julho, metrô relativamente vazio.
Mãe e filha entram no vagão. A menina parece ter cerca de oito anos.
A mãe diz, apontando para o assento azul: quer sentar ali, filha?
A filha responde: não mãe, esse assento é preferencial.


Por essas e outras eu ainda acredito na educação.


Verdadeiro cego...



Fiz uma visita à Fundação Dorina Nowill há alguns meses. Além de um trabalho belo e necessário, algo me chamou a atenção: eles têm como clientes algumas empresas sérias e mesmo veículos de comunicação de massa, como a revista Veja. Cardápios em Braille, revistas transcritas para áudio e diversas soluções para tornar produtos e serviços acessíveis.
Caridade? Não. Promoção dos direitos das pessoas com deficiência? Sim, por consequência. Mas o que parece mesmo estar em jogo aqui é visão de mercado. Infelizmente vivemos num mundo que restringe muito as opções de pessoas com deficiência, por não se dispor a adaptar seus conteúdos. Poucos são os sites que adaptam a leitura, poucos são os cursos que estão preparados para auxiliar uma pessoa com deficiência em seus estudos. Geralmente espera-se delas que sejam heroínas, que lutem bravamente todos os dias para superar suas dificuldades, que enfrentem mais dificuldades que as pessoas sem deficiência e se conformem com isso.
Na verdade, o que fazem ao virar os olhos para esse 24% da população brasileira é perder mercado. Cada ação de apoio a pessoas com deficiência não é uma ação perdida no meio de milhões, como são hoje as iniciativas de marketing mais comuns. Uma ação dessas, se comunicada a uma instituição, entra em uma rede e é espalhada entre quem precisa da solução posta. Aposto que todo mundo já ouviu falar de grandes grupos de surdos reunindo-se periodicamente para confraternizar em algum local, ou em uma determinada região que cegos costumam frequentar. Pois é, hoje eles precisam agir juntos para terem mais acesso e facilidade de aproveitar os serviços da cidade. E as empresas que não percebem o potencial disso, na minha opinião, têm menos visão do que os cegos que se apoiam.