Às vezes a vaidade me leva a crer que alguém é
inteligente por me admirar.
E da mesma forma que a pessoa cria expectativas sobre
mim a partir do que admirou, eu crio expectativas sobre a pessoa a partir do
que eu acho que gerou admiração.
É como se uma ilusão de empatia absoluta se criasse.
Esqueço que cada manifestação nossa deixa vazar um
pouquinho do que somos, e que mesmo esse pouquinho que deixamos vazar será
apropriado por quem recebe de uma maneira totalmente própria.
Pode ser que eu diga melancia e você entenda banana, e
nem dá pra culpar ninguém por isso. A comunicação é um processo dinâmico. É a
interação entre conjuntos de referências muito particulares. O emissor emite
algo a partir das suas referências. O receptor recebe isso com o filtro das
próprias.
Mas mesmo assim criamos expectativas. Porque em alguns
belos momentos, a partir de uma manifestação, encontramos pessoas com as quais
é possível trocar referências, leituras e ideias riquíssimas sobre a vida.
Eu encontrei meu companheiro de vida a partir de uma
frase publicada em um blog. Não porque ele concordasse comigo em tudo. Na
verdade ele discordava pra caramba. Mas porque encontramos na nossa maneira de
discutir mentes que se atraem.
Por outro lado, existem pessoas que
declaram imensa admiração por mim, mas cujos processos mentais estão a
quilômetros de distância. Aceito a admiração por um favor ao ego, mas tenho que lembrar de não alimentar expectativas, e recomendo o mesmo.