27/06/2017

Carta a uma pessoa honesta

Durante a vida você vai encontrar muitas pessoas que conquistam sucesso injustamente e tantas outras com talento que não conseguem se promover.
Vai ver frustrações de partir o coração e injustiças de dar raiva.

Em alguns momentos será necessário simplesmente parar de olhar para a (in)justça do mundo e tentar o seu melhor para alcançar os seus sonhos, sabendo que não há garantia nenhuma de que você conseguirá, mas que pra conseguir é preciso tentar, e que se der certo, você tem todo o direito de usufruir disso, pois neste mundo, até a justa recompensa pelo seu esforço é um privilégio. 

14/06/2017

Publica-te

Publica-te e liberta-te do mundo tortuoso dos que se entregam ao que escrevem sem dar a mínima ao que quer que isso represente, deixando as palavras fluírem vagarosas, vigorosas como quando nasceram. Pareciam gritar antes de serem paridas, atormentar antes de serem organizadas no papel e se transformarem finalmente em um monte de palavras que agora parecem tão comuns.
Deixe que saiam correndo peladas, sem a vergonha que lhe colocam as pessoas com seus tapas de crítica afiada no amolador das experiências e opiniões particulares.
De que vale abandonar o mundo dramático em que reconheces a si mesmo em prol de uma tranquilidade mórbida, em que não se perca nem nada se ganhe, mas fica só tentando identificar um caco de passado angustiante entre espelhos perfeitos e falsos, feitos para exposição?
Publica-te e arrisca perder contato com o submundo dos poetas que teimam em serem eles mesmos a despeito da publicidade bem comportada e com contrato assinado. Põe na rua o teu drama, que por mais infantil que seja, quando publicado é a chave que abre a corrente de sentimentos e pensamentos que jorram sobre papel ou qualquer meio capaz de absorver palavras rebeladas contra as boas normas do que vai ser lido por seus críticos mais sem paixão.
Terás sim que podar as arestas no limite da sua coragem de autoexposição. Terás que limpar o sangue escorrido ao redor da obra, longe da vista dos passantes. Mas isso nunca vai te impedir de sangrar de novo, de sentir de novo genuinamente a emoção dos escritores descomprometidos com o público. Se abrires mão do público, no entanto, saberás sempre metade da história. A metade que mais aparenta dor, mas que é a mais acomodada; a que parece guardar tesouros, mas nunca foi avaliada. Arrisca-te a ser ridicularizado e desfaz algumas fantasias que podem estar te prendendo em um mundo de autoimolação.
Mas nunca esqueça, depois de sair a público, de voltar de vez em quando a jogar-se ao vento em letras perdidas, em pensamentos. Só assim as conexões com outros pensamentos bastardos se fazem poderosas. Só assim nos arremessa de novo ao fundo de que sentimos querer sair sem deixar de admirar a beleza.