Não podemos confundir a pessoa com seus atos. Se alguém age mal, isso não pode ofuscar o significado do que fez de bom. Da mesma forma, atitudes benéficas não isentam ninguém de crítica por todos os seus demais movimentos.
Posso dizer com segurança que não conheço pessoas boas ou ruins; apenas comportamentos bons e ruins por parte das pessoas que conheço. Mesmo assim esse julgamento é fruto de uma lógica relativa, que varia de acordo com minhas questões internas e com meu grau de entendimento do que está em jogo.
Não posso negar que o desequilíbrio entre boas e más atitudes me faça julgar pessoas; mas focar em atitudes é acreditar na complexidade humana, e esforçar-se em analisar bem e comunicar bem os julgamentos feitos é uma demonstração de preocupação com o crescimento individual e coletivo.
Espero sabermos lapidar nossas atitudes. Por atitudes entendendo escolhas, posturas e interferências diversas no mundo, pelo sabotar, pelo fazer, pelo calar e pelo falar. Cada um desses movimentos produz conseqüências em cadeia, e por mais que não tenhamos controle da cadeia como um todo, temos responsabilidade pelo que provocamos (se não, precisamos começar a ter).
Mas como reagir quando somos chamados a escolher pessoas para nos governar, para assumir funções, para prestar serviços ou nos relacionar?
Nossa subjetividade entrará em jogo. Se tivermos compreendido a diferença entre pessoa e atitude, contribuiremos mais ao responder a hábitos bons ou ruins. Mas acima de eleger pessoas deve estar uma atitude de nos posicionarmos constantemente com relação ao que elas provocam.
Reivindicar políticas de nossos governantes, propor ajustes ao trabalho de funcionários, fazer sugestões e críticas serviços prestados e comunicar bem nossos sentimentos dentro de relacionamentos.
De outra forma seremos sempre vítimas de heróis e bandidos, que na verdade não existem.