22/06/2018

Borboletas de papel


Ao contrário do que é pregado em muitos livros de autoajuda e sites motivacionais, não acho que positividade possa ser forjada. Não de verdade. Se sua vida não agrada, forçar positividade é fingimento. Pode gerar um sorriso ou outro, pode atrair momentos que compensem o que há de errado, mas não se compara em nada à positividade de uma vida feliz.
Há alguns anos eu estava com um jeito amargo de ver a vida. Mesmo as coisas mais positivas que aconteciam geravam em mim um sentimento de desconfiança, de contrariedade, um “ok, mas...”. Havia pendências que pesavam sobre meu julgamento, uma realidade que matava meu otimismo e me transformava nessa pessoa negativa.
Nesse contexto, eu sei que um monte de gente me culpou, explícita ou implicitamente. Achavam que a culpa da minha infelicidade era a minha negatividade, e não o contrário. Achavam que se eu me forçasse a sorrir, se eu me forçasse a sociabilizar com quem eu não gosto, em suma, se eu me forçasse a ver borboletas no cenário do pesadelo, eu começaria a ser feliz.
Algum tempo depois de decidir mudar de cenário, eu digo: não era culpa minha. Aliás, se alguma culpa eu tinha era a de não dar um basta no que me fazia infeliz. Era de deixar que a realidade em que eu estava inserida fizesse de mim uma pessoa negativa. O tempo passou, eu me desintoxiquei e hoje me pego sendo positiva sem forçar.  
Tenho problemas e dificuldades, mas elas não me desanimam, porque a balança está positiva. Eu vejo borboletas, não porque eu estou passando o giz sobre um cenário sombrio, mas porque há borboletas nesse cenário, em meio a pedras e obstáculos, mas há.
Eu gosto de pessoas que sorriem. Mas eu espero que os sorrisos sejam verdadeiros. Eu espero que as pessoas toquem as borboletas em vez de fingir vê-las. Pode demorar e dar trabalho, mas vale muito mais a pena plantar um jardim do que colar fotos de árvores no concreto.

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