07/01/2018

Careta, mas feliz

Nunca fui muito carismática ou popular. Na infância sempre tinha uma ou outra amiguinha que conversava comigo, mas também tive minhas fases de ficar só. Já nessa época, eu me sentia meio alienígena, mas as coisas pioraram, como é clássico, na adolescência. Eu achava que tinha problemas, que era toda errada e mesmo que as pessoas tinham razão de não gostar de mim - se é que não gostavam mesmo ou se era eu quem as afastava. 
Eu tinha certeza de que eu não era alguém para se gostar, afinal eu não fumava, não bebia, não gostava de balada, não tinha tatuagem e namorava sério há uns mil anos tendo apenas dezesseis. Era uma chata com C maiúsculo. Amargurei, reagi e fiz muita besteira até uma coisa linda acontecer: cresci.
Depois daquela fase porre de achar que é preciso agradar todo mundo, percebi que o problema era meu se eu queria ser assim. E mais: que mesmo sendo chata desse jeito, ainda tinha gente que gostava de mim. Não muita - popular é uma coisa que nunca fui mesmo. Mas uma coisa mudou: eu não quero ser. Eu não ligo se não sou descolada; se não provoco admiração de quem quer posar de contracultura, mas sempre cria mini regras de comportamento no seu convívio. Eu não ligo de não ser o que as pessoas acham que toda pessoa como eu deveria ser. Eu não ligo se não tenho “história pra contar” porque nunca fiquei de porre (apesar de ter escrito quatro livros) ou se uma das coisas que mais gosto de fazer é organizar minhas coisas. Eu não ligo.

E por que escrevo isso? Simples: fiquei impressionada ao perceber que alguns adultos, que em tese deveriam ter abandonado essa coisa de serem aceitos pelo bando, passam boa parte do tempo analisando se fulano é legal, se ciclano tem um estilo de vida aceitável ou se o comportamento de beltrano é o que se espera de alguém como ele/a. Eu sou careta, mas sou feliz. Me pergunto se será feliz quem não consegue se livrar da preocupação com o que é aceito socialmente.

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