Nunca fui muito carismática ou popular. Na infância
sempre tinha uma ou outra amiguinha que conversava comigo, mas também tive
minhas fases de ficar só. Já nessa época, eu me sentia meio alienígena, mas as
coisas pioraram, como é clássico, na adolescência. Eu achava que tinha
problemas, que era toda errada e mesmo que as pessoas tinham razão de não
gostar de mim - se é que não gostavam mesmo ou se era eu quem as afastava.
Eu tinha certeza de que eu não era alguém para se gostar,
afinal eu não fumava, não bebia, não gostava de balada, não tinha tatuagem e
namorava sério há uns mil anos tendo apenas dezesseis. Era uma chata com C
maiúsculo. Amargurei, reagi e fiz muita besteira até uma coisa linda acontecer:
cresci.
Depois daquela fase porre de achar que é preciso agradar
todo mundo, percebi que o problema era meu se eu queria ser assim. E mais: que
mesmo sendo chata desse jeito, ainda tinha gente que gostava de mim. Não muita
- popular é uma coisa que nunca fui mesmo. Mas uma coisa mudou: eu não quero
ser. Eu não ligo se não sou descolada; se não provoco admiração de quem quer
posar de contracultura, mas sempre cria mini regras de comportamento no seu
convívio. Eu não ligo de não ser o que as pessoas acham que toda pessoa como eu
deveria ser. Eu não ligo se não tenho “história pra contar” porque nunca fiquei
de porre (apesar de ter escrito quatro livros) ou se uma das coisas que mais
gosto de fazer é organizar minhas coisas. Eu não ligo.
E por que escrevo isso? Simples: fiquei impressionada ao
perceber que alguns adultos, que em tese deveriam ter abandonado essa coisa de
serem aceitos pelo bando, passam boa parte do tempo analisando se fulano é
legal, se ciclano tem um estilo de vida aceitável ou se o comportamento de
beltrano é o que se espera de alguém como ele/a. Eu sou careta, mas sou feliz.
Me pergunto se será feliz quem não consegue se livrar da preocupação com o que
é aceito socialmente.
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