Alguém compartilha uma ideia genial
para mudar a sociedade. As pessoas veem, reconhecem a importância, mas deixam
pra ver mais tarde – o que significa nunca. Alguém diz que as mulheres que têm
a letra “a” no nome são mais bonitas. Milhares curtem, compartilham, sorriem. “Pessoas
bagunçadas são mais inteligentes”, “pessoas quietas são fiéis”, “veja aqui o
que as imagens dizem de você” – são tantos exemplos de massageadores aleatórios
de ego que ganham popularidade que só posso concluir que a carência anda em
alta; que suprime tudo o que as pessoas dizem ser seus valores e prioridades; mais:
que a carência é grande a ponto de ser perigosa, pois políticos e outros
espertinhos sabem usá-la.
“Você é tão inteligente! Não como
aquele bando de imbecis que votam no...” E eis um novo militonto defendendo
quem ele nem sabe o que faz. “Você é tão preciosa pra mim que eu tento te
proteger da verdade.” E eis mais uma moça sustentando um relacionamento
abusivo. “Fulano é tão ético! Se diz ateu, mas na verdade age pelas mãos de
deus” – e eis a moralidade sendo confundida com religiosidade e reprimindo a
liberdade de pensamento.
É preciso cuidar do psicológico das
pessoas, não só como uma questão burguesa de autoconhecimento e filosofia
pessoal. É preciso que o psicológico esteja forte o bastante para resistir
quando o mundo quiser imbecilizar massas pela vaidade; formar rebanhos de
acéfalos gritando slogans perigosos quando
no fundo só querem desesperadamente melhorar a própria autoimagem.
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