A desilusão no
ser humano é cult, é pop, é a resposta mais fácil para o show de horrores com
que somos bombardeados todos os dias. Ainda assim, teimo em acreditar nas
pessoas. Teimo em admirar aqueles que, apesar do quanto a humanidade já foi amaldiçoada
e culpada por tudo, ainda mantêm seu caráter e sua persistência por um mundo
melhor, nem que esse mundo seja somente o seu entorno, seu quadradinho, seu dia
a dia. Teimo em parecer ridícula ao não entoar junto com a massa de juízes
dessa humanidade da qual parecem nem fazer parte um hino de “não tem mais
jeito”, de “ninguém quer mais saber” e do confortável “por que vou eu me
preocupar com isso? ”
Teimo em
acreditar que apesar do estímulo à malandragem, do gosto pelo conflito e da
vontade de desistir, ainda haja o peso na consciência, o amadurecimento e o
respirar fundo para mais uma tentativa; que apesar das recompensas materiais e
simbólicas à “esperteza”, os “certinhos” e os “quadrados” ainda sabem por que
fazem o que fazem e não deixam sua ampla consciência se intimidar diante de
abundantes mesquinharias.
Mesmo que isso
me leve a muitas decepções, como já levou, tenho fé que omissos tomem coragem,
que pilantras se envergonhem e que poderosos façam justiça quando lhes couber. No
entanto, diferente de quem tem a fé como fim em si mesmo, sei que devo fazer
minha parte para que essa esperança um dia se concretize. Sei que eu devo
estimular os bons e apontar os ruins, apesar da doutrinação conformista que me manda
ser modesta quanto ao que merece aplauso e discreta quanto ao que merece
crítica. Desconfio até que essa defesa massiva da “humildade” seja uma forma de
abafar quem ameaça a atenção dos juízes de torre de marfim sem feitos
concretos.
Para manter a
fé na humanidade como algo mais do que esperança vã, acredito no poder de
mostrar com orgulho o que outros ou nós mesmos fazemos de bom; em fazer valer a
esperança em nós e naqueles que merecem ser destacados; em colaborar para que
reste aos pessimistas, aos preguiçosos e aos pilantras o esquecimento da
história, como tropeços na nossa evolução.
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