Cada paixão vale a pena se cultivarmos a arte de destilá-la.
Ao florescer, mexe com velhas estruturas que poderiam estar criando ferrugens invisíveis.
Ao se transformar em amor, ensina, em um processo prático de experimentos conjuntos do que é, mais do que seria, o humano.
Em caso de desilusão, um pouco de habilidade quase culinária pode levar o gosto amargo a fermentar e resultar em poesia da mais verdadeira.
Oi Lu!
ResponderExcluirA arte de destilar não apenas tem de ser cultivada, ela tem de ser criada, para cada paixão.
E que melhor método de aprimoramento dessa arte que a conversa franca sobre o produto da destilação?
"Hoje você está amargo."
"Mas você... Que delícia!"
"Faz mais daquilo que eu gosto?"
"Tou com vontade de algo mais forte."
"Ontem tava tão bom... Hoje azedou."
"Tá certo... Mas você aprende a gostar? Por mim?"
"Claro."
E curiosamente, cultivar a arte muda o produto, mas também a paixão, e o artífice.
Talvez seja essa dialética que é profundamente humana: o recriar-se por meio do outro, amorosamente.
É pena que o amor seja tão inebriante que só a desilusão nos deixe com cabeça para a poesia.
Beijos intoxicados, tontos, loucos!
Rê.
Oi!
ResponderExcluirRicas observações.
Quanto à desilusão, será que encontra mais espaço na poesia por não encontrar espaço de se expressar diretamente ao outro?
A paixão não declarada também gera muita poesia. O amor é geralmente expresso na prática.
A poesia, aqui, é válvula de escape pra algo que não é adequado que se exprima diretamente, não?
Beijo
Oi!!!
ResponderExcluirConcordo, a poesia é escape, quando feita nesses termos.
O que leva ao problema de que quando a poesia fala de amor real, a poesia é falsa; quando a poesia fala de amor falso, é real.
Talvez isso se conecte com a ressonância das palavras. O poema sobre o amor é feito não porque efetivamente contenha algo do amor, mas porque o seu autor procura fazer ressoar no ouvinte as lembranças da pessoa amada.
Beijos a cada estrofe,
Rê.
Oi!!
ResponderExcluirEntão você crê que quando eu falo de amor, no meio do post, estou falando verdadeiramente de amor falso ou falsamente de amor verdadeiro?
Beijo
Lu
Oi Lu!
ResponderExcluirCreio que quando você fala de amor no meio do post, você está falando com a parte de você que ainda tem medo.
Eu vou fazer você calar sobre isso.
Beijos,
Rê.
Oi
ResponderExcluirMedo? Por alegar que as experiências conjuntas de quem assume o amor ensinam?
Pra mim, medo é aquilo que, em demasia, faz com que não nos entreguemos a nada.
Em menor grau, faz com que nos entreguemos a algumas experiências intensas mas fujamos assustados quando o intenso começa a virar profundo. Ensina, mas sobre o nosso limitado mundo mental.
Quando aceitamos nos aprofundar no conhecimento mútuo, fazer experiências levando em conta o que percebemos um no outro, assumir incômodos, extasiar-se de admiração, perceber-se familiarizado e não ter medo de perder a individualidade por isso... é medo?
Beijo
Lu
Oi Lu!
ResponderExcluir(entrega) Concordo.
(aceitação) Não, não chamaria isso de medo. Pelo contrário, creio que esse abandono no outro é de uma grande coragem.
Creio que levei muito a sério a brincadeira de escrever sobre amor verdadeiro ser falso, me perdoe.
Me parece que você tem uma perspectiva extremamente valiosa e profunda sobre o que é aprofundar um laço amoroso - eu imagino que mesmo o mais valente dos homens 'tremeria nas bases' ao compreender que é objeto do seu amor nesses termos.
Não consigo imaginar algo mais importante para mim do que aprender a ser profundo dessa maneira, como você.
Com você.
Rê.
Oi!
ResponderExcluirNa verdade acho que essa ideia se aplica a vários tipos de amor. Aplica-se à amizade, por exemplo. Só de tomarmos atitudes e decisões levando em conta o que conhecemos de um amigo, tentarmos entender o que se passa na cabeça dele ou mesmo não entendendo respeitar e apoiar...
Sempre existe a escolha de cair fora, mas tentar superar incômodos em prol de um amor (de amigo, de casal, de mãe)permite esse crescimento.
Ambos temoos muito a aprender, o que já estamos fazendo. :)
Beijo
Lu
Oi Lu!
ResponderExcluirE quando se trata de uma pessoa que eu não quero conhecer mais profundamente?
Por exemplo, digamos que eu tivesse um vizinho que é político. E eu até que me dou bem com o vizinho - mas não quero conhecer detalhes sobre o seu trabalho sujo, pois isso poderia me fazer detestá-lo.
Nesse caso, aprofundar a amizade não seria deixar de conhecer melhor o outro? Pois esse conhecimento seria contrário ao bem-querer dele.
Beijos,
Rê.
Não entendi muito bem.
ResponderExcluirVocê está dizendo conhecer melhor uma parte dele e ignorar outra?
Não entendo isso como aprofundar a relação com ele...
Você poderia melhorar o relacoinamento de vizinho com ele até o ponto em que isso esbarra nos outros aspectos da vida dele. É superficial.
Amor!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirExperiência vã quando que se pensa que amando se será feliz!
Para ser feliz não é preciso amar....é preciso SERVIR, se render ao objeto amado, deixar que o AMADO viva e eu morra....
abreijos.....
quando puder visite meu blog...
http:/professorgaliani.blogspot.com
abreijos........., Galiani
Olá Galiani!
ResponderExcluirHá quanto tempo!!!
Bom, não acredito em fórmula de felicidade.
Creio que dependa dos valores e expectativas de cada um, que pode inclusive variar ao longo da vida.
Com certeza vou dar uma espiada no seu blog!
Beijos!
Oi Lu!
ResponderExcluirNão creio que seja necessariamente superficial - pois os aspectos que você não negligenciaria você poderia investigar tão profundamente quanto quiser.
Eu creio que seria necessariamente limitado - exisitiria sempre uma área "sombreada" da vida do outro que você não iria adentrar.
Beijos sem sombra de dúvida :) !
Rê.
Mas nesse caso podemos chamar de amor?
ResponderExcluirPodemos dizer que há amor nessa amizade?
Oi Lu!
ResponderExcluirCreio que sim - um amor que respeita certos limites.
Dizer o contrário seria afirmar que só pode haver amor quando no relacionamento não há nenhum impedimento, barreira, limite.
Um tal relacionamento seria o ideal - e é excelente quando os relacionados procuram aprimorar-se nessa direção - mas a realidade é que em geral as amizades e os namoros se dão com várias barreiras e limites entre eles.
De modo que se você afirmar que pelo fato de haverem limites, não há amor, você estará afirmando que a maioria dos relacionamentos que chamamos de amorosos não tem amor.
Beijos, meu amor com limites cada vez mais amplos!
Rê.
Oi!
ResponderExcluirHmm. Tenho que concordar quanto aos limites. Seria como uma tolerância ao que sabemos não ser perfeito (de acordo com um conceito particular de perfeição)?
Você perguntou antes sobre não querer conhecer alguém mais profundamente. Mas do modo como coloca, acaba-se conhecendo, se não a pessoa, o modo de lidar melhor com a pessoa. Desenvolve-se um conhecimento mais refinado de como relacionar-se com ela. Aprende-se.
Ainda assim, acho difícil, quando realmente temos apreço por alguém, nos negarmos a conhecer parte dela. Acho que no fundo existe um esforço em tentar entender. Se não concordar, ok, talvez partamos apenas para a tolerância daquele ponto em nome de outros. Mas ainda acredito na existência desse interesse, ainda mais se o que desagrada tiver potencial de causar problemas futuros na relação.
Beijos - com os limites físicos necessários para que sejam beijos!
Lu
Oi Lu! Bom dia!!!
ResponderExcluirEu creio que talvez fique mais compreensível minha opinião se pensarmos em um exemplo em que aquilo que "não queremos conhecer" do outro não é algo tão absolutamente essencial assim.
Digamos, por exemplo, que eu me apaixone perdidamente por alguém que gosta de música não-heavy-metal. Eu respeitaria o gosto dela, até o ponto de ocasionalmente acompanhá-la em shows. Mas eu não iria querer me aprofundar nesse aspecto da vida dela.
E vice-versa. Se uma garota que não gosta de heavy-metal se apaixonar por mim, não espero que ela passe a gostar desse tipo de barulho. Que apenas respeite que de quando em quando eu vou querer ouvir isso.
A questão creio que é: que coisas são tão importantes que nós não podemos ignorar?
Me parece que também isso é relativo: cada um acha que certas coisas são importantes.
Talvez um quesito de "compatibilidade" entre duas pessoas é quando as duas concordam que existe um certo conjunto de aspectos da vida que são tão importantes que os dois têm que decidir e refletir juntos sobre esse aspecto.
Não disse que precisam concordar - mas precisam conhecer muito bem o outro, nesse aspecto. E se pensarmos que existem tantos aspectos da vida que são de densidade intelectual infinita (i.e., podem ser discutidos infinitamente, sem jamais "esgotar o assunto"), podemos afirmar que pessoas compatíveis podem discutir coisas essenciais, com toda profundidade de que forem capazes, e mesmo deixando de aprofundar um assunto desagradável para um dos dois, eles continuarão fortalecendo e complexificando seu relacionamento, ininterruptamente.
Enfim, espero que o fato de eu não estar a fim de saber mais sobre mpb não seja impedimento para continuar te amando.
Muitos beijos barulhentos!
Rê.
Ok! Melhor compreendido, concordado e lisonjeiro! :)
ResponderExcluirO último não era essencial para a compreensão, mas é um bom bônus!
Vemos aqui como algumas argumentações precisam do particular pra fazerem mais sentido – por mais que dele consigamos tirar uma lógica que se aplica a realidades mais gerais!
Beijos!!!
Lu